sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Hip Hop Brazil - Como tudo começou

Capa do livro Hip Hop Brasil
Para aqueles muitos que acompanham o Rap nacional e sua produção cultural brilhante, nada aqui será novidade. Porém, como infelizmente outros muitos não conhecem essa parte de nossa cultura, aqui será repassado apenas um pouco de toda censura, perseguição e isolamento que esse estilo cultural tem passado nos últimos anos. Seja porque esse movimento bate de frente com os interesses dos detentores do poder no Brasil, seja porque muitos deles atacam diretamente a mídia tupiniquim e seu formato alienado com relação à realidade da camada mais desfavorecida da população. (trecho extraído do texto de Alishan Khan, Rap Nacional: uma história de censura, perseguição e isolamento)

Desde seu surgimento, nos anos 70, numa Nova Iorque violenta como nunca, o rap impôs a discussão de questão negra. Os Estados Unidos viviam então a ressaca de conflitos raciais que incluíram desde o pacífico movimento pelos direitos civis de Martin Luther King até a militância armada dos Panteras Negras.
No Brasil, o debate se intensificou após a projeção do grupo americano Public Enemy, na segunda metade dos anos 80. Seus clipes mostraram um novo mundo de idéias para os rappers brasileiros.

No Brasil, o Hip-Hop chegou por intermédio das equipes de baile, das revistas e dos discos vendidos na 24 de Maio (São Paulo). Os primeiros shows de rap eram apresentados no Teatro Mambembe pelo DJ Theo Werneck. Na década de 80, as pessoas não aceitavam o rap, pois consideravam este estilo musical como sendo algo violento e tipicamente de periferia.

Os pioneiros do movimento, que inicialmente dançavam o Break, foram Nelson Triunfo, depois Thaíde & DJ Hum, MC/DJ Jack, Os Metralhas, Racionais MC's, Os Jabaquara Breakers, Os Gêmeos e muitos outros. Eles dançavam na Rua 24 de Maio, mas foram perseguidos por lojistas e policiais; depois foram para a São Bento e lá se fixaram. Houve um período de divisão entre os breakers e os rappers, os primeiros continuaram na São Bento, os outros foram para a Praça Roosevelt. O Rap, a principio chamado de "tagarela", ascende e os breakers formam grupos de Rap.

Em 1988 foi lançado o primeiro registro fonográfico de Rap Nacional, a coletânea "Hip-Hop Cultura de Rua" pela gravadora Eldorado e produzida por Nasi e André Jung, ambos integrantes do grupo de rock Ira!.

Desta coletânea participaram Thaide & DJ Hum, MC/DJ Jack, Código 13 e outros grupos iniciantes.
O destaque ficou por conta de Thaíde, que compôs os clássicos versos: "Meu nome é Thaíde /Meu corpo é fechado e não aceita revide". As bases do disco eram baseadas em funks americanos e acompanhadas espontaneamente de scratches feitos pelos equipamentos de DJs.

Nesse período de ascensão do Rap, a capital paulista passou a ser governada por uma prefeitura petista, o que muito auxiliou na divulgação do movimento Hip-Hop e na organização dos grupos. Por esse motivo foi criado, em agosto de 89, o MH2O – Movimento Hip-Hop Organizado, por iniciativa e sugestão de Milton Salles, produtor do grupo Racionais MC’s até 1995. O MH2O organizou e dividiu o movimento no Brasil. Ele definiu as posses, gangues e suas respectivas funções.

Nesse trabalho de divulgação do Hip-Hop e organização de oficinas culturais para profissionalização dos novos integrantes, não podemos esquecer de citar a participação do músico de reggae Toninho Crespo. Este trabalho teve sua continuidade no município de Diadema com o profissionalismo de Sueli Chan (membro do MNU – Movimento Negro Unificado).

Grupos como Racionais e DMN admitem Chuck D & Cia. como influência maior. Os ícones Malcolm X e Martin Luther King tornaram-se leitura de cabeceira.

Na década de 1990, o rap ganha as rádios e a indústria fonográfica começa a dar mais atenção ao estilo.

O rap começava então a ser utilizado e misturado por outros gêneros musicais. O movimento mangue beat, por exemplo, presente na música de Chico Science & Nação Zumbi fez muito bem esta mistura.

Nos dias de hoje o rap está incorporado no cenário musical brasileiro. Venceu os preconceitos e saiu da periferia para ganhar o grande público. Dezenas de cds de rap são lançados anualmente, porém o rap não perdeu sua essência de denunciar as injustiças, vividas pela pobre das periferias das grandes cidades.

Referências:
wooz.org.br/musicarap.htm
rapaorigem.blogspot.com
mediaetpotere.wordpress.com/2014/05/18/rap-nacional-uma-historia-de-censura-perseguicao-e-isolamento/
suapesquisa.com/rap/

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